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quinta-feira, 6 de outubro de 2011

Derrubando cercas e plantando mudas: um dia de vitória no Santuário dos Pajés

Via O Miraculoso




Hoje foi um dia muito importante na luta contra os gafanhotos da especulação imobiliária. Nos últimos dias os empreiteiros desmataram uma área considerável, dentro do perímetro que se encontra sub júdice, pois sempre foi de uso dos índios que habitam aquelas terras há décadas, e que agora foram invadidas pela Emplavi.

Ceca de paus com arame farpado, placas de ferro servindo como muros fincados no chão e torres de vigilância era o que se via por lá hoje, além do desmatamento. Um grande número de seguranças com cassetetes e armas de fogo estavam no local. Mas nada disso foi suficiente para barrar o ímpeto de dezenas de manifestantes, que enfrentaram cassetetes, jato de mangueiras de caminhão, e nem se intimidaram com os cortes dos arames farpados das cercas. Reassumimos a área invadida pela construtora, derrubamos todas as cercas malditas, incluindo as de ferro e a torre de vigilância e íamos botar fogo em tudo. Porém, foi feita uma trégua, em razão da promessa de que a construtora não voltaria a por as cercas no local. Depois de derrubarmos o lixo trazido pelos invasores, mudas foram plantadas na terra, simbolizando a mudança, além do desejo de que aquele lugar volte a ser o que era.

Assim que o movimento tornou aquela área novamente acessível, um dos índios presentes no ato entoou um canto, que começou com fortes gritos e tinha uma letra de dor e de luta, e isso emocionou a muitos que estavam no local, e pra mim reafirmou a certeza de que estávamos do lado certo da guerra.

Somente por causa do conflito com os seguranças do local, a mídia burguesa bebedora de sangue compareceu ao local, e o assunto foi notícia no SBT, e a Folha de São Paulo e o Correio estavam no local, mas pelo visto não noticiaram nada. O MIRACULOSO tem estado presente acompanhando (e intervindo) em todos os desdobramentos dessa guerra.

É uma guerra. De um lado, os índios, que são donos dessas terras antes de todos, há milênios, e a décadas vivem naquele lugar, e fazem um uso sustentável de uma área que deveria ser reserva ecológica, e que os tiveram até aqui como guardiões, e do outro lado o concreto, a elitização intensificada, e a especulação imobiliária recordista no Brasil. De um lado, bilhões em dinheiro e almas mesquinhas, do outro, algumas dezenas de índios, de lutadores e sonhadores, movidos, no mínimo, por um desejo de que Brasília escreva mais uma página dessa história genocida que o Brasil escreveu e escreve até hoje.

Leonardo Ortegal é Assistente Social e membro da Equipe do Jornal O MIRACULOSO

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